Com o objetivo de entender os efeitos do relaxamento do distanciamento social, aconteceu, na última sexta (5/6), o ESMP Talks COVID-19: desafios da flexibilização. O evento foi transmitido ao vivo pelo Youtube e já conta com mais de 1700 visualizações. Clique aqui para assistir!

Na abertura do evento, Mario Sarrubbo, procurador-geral de Justiça, lembrou que o Ministério Público “não pode contar apenas com o conhecimento jurídico, é muito importante essa interface com a ciência para que possamos atender a sociedade da melhor maneira”.

Falando sobre a garantia dos direitos na pandemia, o diretor da ESMP, Paulo Sérgio de Oliveira e Costa, salientou que o “trabalha com responsabilidade, buscando na ciência e na medicina os mais valiosos subsídios para trilhar o caminho na defesa dos direitos sociais”.

Durante o debate, os principais temas abordados foram o crescimento da contaminação e mortes por Covid-19, baixo número de testagem, subnotificação, critérios da flexibilização, desigualdade social, imunidade coletiva, necessidade de desenvolver um plano nacional de combate, regionalização, exemplos de outros países.

Para este evento foram convidados Dráuzio Varella, médico, cientista e escritor; Ester Cerdeira Sabino, professora do Departamento de Moléstias Infecciosas e Parasitárias da Faculdade de Medicina da USP e pesquisadora coordenadora do sequenciamento do novo coronavírus; Eduardo Tostes, promotor de Justiça do MPSP, assessor da área de Saúde Pública do Centro de Apoio Operacional Cível do MPSP; Fabíola Sucasas, promotora de Justiça do MPSP, assessora da área de Direitos Humanos do Centro de Apoio Operacional Cível do MPSP. A mediação ficou a cargo da jornalista da ESMP Marília Taufic.

 

Destaques do Talks

Ao abordar a necessidade de apoio da população na diminuição dos efeitos da pandemia, Ester Sabino alertou: “nossa maior dificuldade é convencer as pessoas sobre a importância do isolamento social, pois não temos plano em nível federal de enfrentamento ao coronavírus e a comunicação não está eficiente. Precisamos de um acordo nacional político, que leve em conta as diferenças regionais do Brasil”.

Fazendo uma comparação da pandemia de coronavírus com a AIDS no Brasil, Ester Sabino destacou a gravidade da Covid-19. “Em 40 anos de epidemia de AIDS, morreram 300 mil pessoas e já tem mais de 30 mil mortes oficiais por coronavírus. Então, não é uma coisa simples, não é uma gripezinha, é grave”.

Em relação à desigualdade social, Drauzio Varella alertou que “é a primeira vez que essa pandemia chega num país continental, pobre com grande parte da população vivendo em habitações mínimas, muitas vezes sem água encanada”.

Devido a esse fato e também ao aumento do número de casos, Drauzio Varella ressaltou que “não estamos em condições de diminuir o isolamento social. Essa é uma medida política, não técnica. Estamos no pior cenário: crise na saúde pública combinada com uma crise política”.

Para Fabíola Sucasas, “é preciso chamar atenção à responsabilidade social de combate ao contágio, mas não podemos dissociar em nenhum momento a responsabilidade de combate a Covid-19 do Estado. Os direitos sociais são direitos humanos e dependem de um fazer do Estado”.

Em relação ao plano de flexibilização, Eduardo Tostes enfatizou a necessidade de uma testagem ampla que inclui sistema de processamento de dados eficiente. “Não basta apenas testar, mas transformar essas informações em conhecimento, canalizando isso para tomada de decisões estratégicas como a própria flexibilização ou não do distanciamento social”.

 

Sobre o ESMP Talks

Abordando assuntos importantes de maneira inovadora, o ESMP Talks propõe discutir o tema sob diferentes aspectos com um formato que privilegia o debate de ideias, sempre com a mediação de um jornalista.